quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Amor, então
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


Paulo Leminski

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fora de mim

"Não sei se as pessoas choram de forma diferente umas das outras, eu choro contraída, como se alguém estivesse perfurando minha alma com uma lâmina enferrujada, choro como quem implora, pare, não posso mais suportar, mas o insuportável é uma medida que nunca tem limite. Eu chorei no domingo, na segunda, na terça, em várias partes do dia e da noite, um choro de quem pede clemência, de quem está sendo confrontado com a morte, eu estava abandonando uma vida que não teria mais, eu sofria minha própria despedida, morte e parto, eu tinha que renascer e não queria, não quero, sinto que caí num vácuo, perdi a parte boa da minha história e não quero outra. Enquanto choro, penso que se alguém me visse chorar dessa maneira me salvaria, prestaria socorro, chamaria uma ambulância...”

Martha Medeiros

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mana,

Olá, como vai você? Sempre que recebo notícias suas fico radiante. Como já deve ter sido informada pela mamãe, mudei-me de casa. A casa não é tão espaçosa, mas ‘vezenquando’ é possível ouvir o vento sussurrando por entre os cômodos. Pela manhã, os raios do sol penetram à casa através de brechas das portas e janela trincadas. Há oito meses nos mudamos pra cá, a idéia veio da Andy, indicara a compra da casa no vilarejo. Fazia parte do sonho, era um dos itens de ‘coisas a se fazer antes dos trinta’. No início eu recuei, temendo cometer alguma burrice, desconversei, falei sobre a idade, contas a pagar e outras responsabilidades. Desmereci o campo, reclamei dos grilos, “disse que disse” até que ela desistiu, fez bico, me olhou torto e deixou a idéia de lado por alguns dias. Depois ela veio de novo, sorrateira como um gato, me olhou com olhos dengosos, roçou no meu braço, não pude dizer não. Quem diria não àqueles olhos?

Agora a vejo varrendo nosso quintal, mete a vassoura pelos cantos onde resolveu plantar lírios. Eu nem sabia que ela gostava de flores e agora está lá, com terra até os joelhos, sorrindo pra mim daquele jeito. Alice também se diverte, tropeça pelos lados e dispara a latir. Contei que ela aprendeu a latir? É claro que contei! Quem mais se preocuparia com a aquisição de linguagem de uma vira lata? Aqui perto tem um lago, outro dia, enquanto fazia minha corrida matinal, percebi que logo enfrente existem várias casinhas rústicas, arte nouveau, talvez. Levarei você para visitá-las, eu sei que arquitetura sempre te encantou. Estou esperando sua visita, aprendi a fazer aquele bolo que você tanto gosta. Vê se fica bem.

Abraço,

Natallya.


"Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama... "

William Shakespeare)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Outra página em branco. Maquiagem retocada. Barulhinhos de teclas do teclado. Outra noite mal dormida, sem travesseiro e com os pés descobertos. Outra vez o coração se esqueceu de bater, tremeu após o segundo soluço e se deixou levar. Outra vontade de correr, de saltar muros, de apostar corrida no asfalto... e de fazer todas aquelas coisas que deixei de fazer por me doerem as juntas.