Não é sempre, eu confesso. Deve ser por isso que as noites às vezes me deixam tão serelepe. O que me encabula é que dia sim, dia não, tenho sempre um humor escancarado, aberto, que logo desaparece no dia seguinte. É meio pílula mesmo, movida a sentimentos felizes, tristes e possíveis fatos.
Remédio pra lá, remédio pra cá. Fico brincando para ver se faz sentido. Eu anoto tudo, fantasiando as várias possibilidades de encaixe, no meu pensamento, no meu corpo, e tentando adivinhar um dia para cada coisa. Parece um pensamento safado, desses que lhe passam a mão, parece até pecado. Mas não é, eu sei que é apenas uma ideia engraçada, coisa indecente, mas boa.
'Ao amor, o velho, danado, conhecido e desconhecido amor que provou mais uma vez, como parece que o fará até o final dos meus dias, quem é que manda aqui.'
‘Lá vou eu, lá vou eu’. Acho que estou envelhecendo rápido demais. Quem foi que disse que a gente não pode ter uma criança interna quando vira adulto, hein? Tem uma porção de coisas que eu ainda não entendo, sai ano, entra ano e algumas coisas não mudam. É um desejo eminente (persistente) de ficar. Mas ‘deixa isso pra lá’, deixa.Tenho coisas, atitudes e pessoas que não me cabem mais. Dessas que a gente engole a seco, e sente a garganta arranhando. E também tem aquelas que fazem o seu coração disparar, que tolo! Ele mal percebe o aviso de: ‘mantenha distância’.
Ultimamente ando assim, desconfiada, duvidosa, incerta, como um investigador criminal, com direito à trilha sonora. Então eu fico perambulando pela cidade, com ar de quem procura algo. E a noite se torna minha porta de entrada, para um mundo menos humano, menos banal e mais belo. É tanta beleza que chega dói aqui dentro, é como sentir que estou vivendo para esse momento, monótono, maduro e meio poético.
É, estou envelhecendo rápido demais. Tenho medo disso, morro de medo dos pedaços que saio deixando por ai, noite adentro, tenho medo de deixar o pedaço errado, para as pessoas erradas, àquelas que não me cabem mais, entende?
Penso, às vezes, que morrer não está nos meus planos. Nenhum tipo de morte. Eu não quero chegar ao ‘fim do expediente’.
Por favor não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise profunda
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito amor.
Para começar assim de uma hora para outra, sem perder o fio da meada, eu fiquei remoendo as palavras (uma a uma) e costurando-as pela noite adentro. Eu me dei conta que já não posso manipulá-las ou entendê-las na mesma rapidez que fazia há meses atrás. Lá de fora (onde a falsidade não vigora) eu fui buscar a felicidade, a mesma das novelas mexicanas, com personagens e finais (melosos) felizes.
Chovia, era uma chuva bem fininha, dessas que molham a gente aos poucos e dão de brinde um resfriado. Eu não sabia por onde começar, e era noite (convenhamos que não fosse a hora mais apropriada para buscar a felicidade), mas eu insistente fui bater à porta mais próxima.
Um moço alto e sorridente me atendeu. Parecia até que a guardava ali, perto da lareira. Entusiasmada eu fui perguntando de uma vez e sem escrúpulos.
- O senhor sabe onde eu posso achar a felicidade? –disse eu
Ele se fingiu de desentendido, desconversou e disse que eu não deveria sair por ai perguntando isso às pessoas.
Constrangida, pedi desculpas e sem querer atropelei um monte de palavras que estavam atravessando a rua. Não preciso dizer que elas me fizeram caras e bocas, aquilo me soou como um beliscão. Definitivamente, eu não servia para essas coisas.
Continuei subindo a rua até que me sentei na calçada, eu ainda tinha aquele bloco de papel e um conjunto de versos escritos na noite passada. Aquilo já era o meu começo de drama mexicano, eu representava o papel de protagonista, que chora um capítulo sim, outro não. Estava chegando perto da felicidade, tinha certeza disso. Acabei pegando no sono e quando acordei já era manhã, bem cedinho. Tudo não passava de um sonho, meu texto recém escrito (e amassado) estava debaixo do travesseiro, com a frase de sempre destacada no canto da folha:
Eu nunca pensei que um dia chegaria a dizer isso, mas eu preciso (com urgência) de algo que me olhe nos olhos e abane o rabo.Que talvez infeste a casa de pêlos e pés de mesa arrancados,que lata alto quando chegar alguém de quem eu também não goste muito,que atrapalhe as pessoas não convidadas e que no fim do dia venha pro meu rumo todo manhoso,que roube a comida do vizinho,que urine nas plantas da minha mãe,que se pendure pela janela para ver o pôr-do-sol comigo.Pensando bem,eu já tenho isso.
Menino, não vou ficar, eu vou Eu vou pra entender Quem eu sou Atrás da linda moça que amava E assim que sair eu vou chorar Sem você Mas é que atrás da linda moça que amava Em algum lugar Tá uma mulher que também sou Que escolhe andar por onde vão seus pés E se hoje fico aqui Ela parou
Refrão: Te falo quem quer o bem Para seu amor Ama como é E ama sua liberdade
Amanhã ou depois sem os véus da moça que amava Eu ainda amarei Quem um dia me amou E ainda que aí não possa A moça está em algum lugar Com ela agora há uma mulher Que escolhe andar por onde vão seus pés Que escreve, antes de ler seu destino Eu tenho que ir,amado Adeus menino
domingo, 6 de setembro de 2009
“[...]Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”
Clarice Lispector. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.
Eu acredito na teoria de que nós guardamos um segredo desses usados em ameaças telefônicas, todos sem exceção. Como não poderia ser diferente, descobri que a minha sogra tinha um... E cá estou eu frente ao segredo, dentro do pote, no fundo da gaveta.
-Silêncio na platéia! (tem alguém cochichando)
Continuando... Há alguns meses eu comecei a investigar uma porção de coisas (esses “podres” que me podem ser úteis ao decorrer da vida),revistei armários,coloquei escutas telefônicas e exercitei todo o meu dom de fantasiar as coisas (confesso que sou meio paranóica mas isso nem vem ao caso!).Aquela criaturinha hostil e frágil que se movia no fundo do pote,estava gritando por ajuda.Talvez fosse um amigo,desses imaginários que a gente deixa perpetuar pela adolescência,talvez fosse um confidente ou um (a pior opção de todas) um prisioneiro para experiência científicas.
Eu não sabia, ou talvez soubesse a resposta... A psicopatia da minha sogra precisava ser interrompida naquele momento, e eu (um pouco enxerida) faria a boa ação do dia.
-Pronto piolho, você está livre!
Astuto e sorridente (via-se pela expressão facial do pobre coitado) ele saiu pela porta sem se despedir.
"... Não consigo molhar os pés apenas eu mergulho e só paro quando me afogo eu me queimo e só paro quando derreto eu me jogo e só paro quando me param."
Eu hoje queria paz, não das que a gente compra no supermercado perto do departamento de drinks ou
coisa do tipo.Eu queria ter acordado do lado de quem gosto,com um belo sorriso estampado de
orelha a orelha.Talvez eu tivesse me sentado na cama e observado um ambiente diferente,colorido
(já que as cores fazem certo bem à alma) e depois lascado um beijo surpresa na pessoa que quero, sem medo.
do que poderia acontecer.Então eu ficaria ali algum tempo apenas esperando o sol nascer de vez e
entrar pela janela do quarto,abriria as cortinas e teria a mais bela vista,fosse um aglomerado de
prédios ou com vista pro mar.É...aí de quem não tem planos de paz,de viver um dia melhor do que ontem,
de extinguir um pouco o que chamam de saudade,de acariciar o vento com a pele...
*O calor de 34°C que juntando com a febre (aparentemente inofensiva) dá uns 72°C. Isso de acordo com as minhas contas de cabeça. hahahaha. E eu sou ótima com números.
*Amigos que são estranhos. Eu odeio essa certa bipolaridade alheia.
*Ter que criar um apelido a cada nova pessoa que eu conheço, já que grande parte das pessoas não gosta muito do nome (povinho estranho).
*Me preocupar com alguém que me ignora há tempos, ou que já desistiu.
*Sempre brigar com o Dan. Por ele falar as coisas sem querer (risos)
*Benzinhos que moram do outro lado do estado e não me mandam notícias.
*Gostar do meu curso e ao mesmo tempo odiar toda a grade (vai saber).
*Não comer e engordar.
*Comidas com três cores (sendo que uma é sempre algo não identificado)
*A energia que acaba quando estou terminando um trabalho homérico (e não salvei)
*Fingir que não estou passando mal, quando estou.
*Escutar pessoas que se acham no direito de discutir a vida de todo mundo.
*Ligações anônimas de fdp
*Ficar toda serelepe num grupo de pessoas quietas
*Falar pelos cotovelos enquanto eles se distraem tomando sorvete
*O dia ter apenas 24 horas
*Estar sem crédito no celular
*Não entender absolutamente nada de lingüística
*Lavar louça e cortar a mão com o vidro do copo que eu quebrei
*Ter todos os sintomas de gripe suína
*Escutar esporro e perder amigos por coisa que eu não fiz
*Ver as pessoas que eu gosto apenas duas vezes na semana
*Suco de laranja com gosto de acerola
* “Meu primeiro amor” passando na Sessão da Tarde no dia em que estou em casa
*Quando acaba o anti-séptico em plena epidemia... enfim!
-Por quê você está assim comigo? -É medo de perder o que nunca foi meu.
Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca.
A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O.
Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.
Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.
Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão.
A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.
Eu não posso dizer que não estou com medo,coragem nunca foi uma qualidade minha.Desdea infância eu vivia "tremendo nas bases",eu tinha medo do escuro,medo de insetosvoadores,medo de pessoas desconhecidas (e das conhecidas que...ah!deixa),medo de quandoo dia ia embora e começava a dar 18 horas da tarde,medo das histórias de assombraçõescontadas por minha avó naquela chácara,medo de caixinha de música,medo de subir escadas,medo de olhar pra trás quando estava sozinha (e medo de ficar sozinha),medo de telefonemasà cobrar,medo de novas babás,da campanhia tocando,dos amigos imaginários.Enfim... eu erauma criança muito medrosa,dessas que criam um mundo imaginário pra sair daquilo que elasnão conseguem enfrentar,com o tempo eu aprendi a conciliar a maioria dos medos,menos um:O medo das pessoas,eu descobri que quanto mais eu confio,mais apanho,mais me torno refémde algo (ou alguém) que eu achava que conhecia.Se olharmos bem o significado da palavrarefém veremos que :"é uma Pessoa ou localidade que fica em poder do inimigo como garantia do cumprimento de um tratado." e se tratando do meu caso,fica em poder de um "amigo",uma espécie de amigo oculto... mas a este eu prefiro omitir a minha explicação.
Não sorria assim, Nem me olhe de rabo de olho não me morda, nem diga as coisas que só você sabe dizer. Não dê voltas sem fim, nem beijos que me arrepiem o pescoço, não chore e nem corra, Não diga que a gente precisa conversar, nem mude de cor quando eu for falar. Não ria no telefone, nem grile quando eu disser nomes. Não se incomode com ciúmes, nem peça para que eu não o sinta. Não me deixe assim... Todas as vezes,terrivelmente fraca.
Todo mundo estudando e eu aquidescobrindo coisas também, mas eu conto aos ticos.
-Você quer casar comigo? -Deixa eu pensar... quero sim!Eu quero. -E como a gente faz? -Eu peço pra sua mãe. -Não,eu peço pra sua. -Pode ser,mas... -O quê? -Eu não preciso de permissão.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Eu já falei que estou me aposentando?Eu sei,você vai dizer: -Como você está se aposentando se nunca trabalhou? E logo vai soltar uma gargalhada,me chamar de esquisita (o que a maioria da população já faz com frenquência e não me incomoda).Daí vou ter que te provar que estou cansada o bastante pra ficar nessa vidinha,com brigas que não valem a pena, trabalhos domésticos (ui!) e filmes no fim da noite.Um tanto cansativo,convenhamos. Convenhamos que uma hora esse tipo de "emprego" já não dá mais,a idade vem chegando e eu quero mesmo é me sentar no sofá sem muitas ideias (fixas) na cabeça,sem contas que preciso pagar,sem cobranças que estragam a vida,com bandeides que transformam machucados em coisas divertidas,com uma chícara de chá sempre que não puder solucionar algum problema,ou então bebendo uma dose de coragem que é pra fazer as coisas que eu ainda não consigo,sem disperdiçar minhas lágrimas ,sem discutir por coisas vãs,rodeada de pessoas que me fazem bem e estão tão longe (ou tão perto mas sem contato algum),então eu pretendo viver um amor desses que seja para sempre (enquanto dure,contraditório?Não,não é.),com um Deus do jeito Dele e eu do meu jeito,talvez.Talvez,se ele não estiver se aposentando também (Ei Deus!Um de cada vez, acho melhor ficar por aqui porquê eu preciso de você). É...quando eu me aposentar!
Procuro a Solidão Como o ar procura o chão Como a chuva só desmancha pensamento sem razão Procuro esconderijo encontro um novo abrigo como a arte do seu jeito e tudo faz sentido calma pra contar nos dedos beijo pra ficar aqui teto para desabar você para construir Ana Cañas
-Ora Bolas!Quanta fumaça, eu já lhe disse que detesto sair daqui cheirando a cigarro– disse eu.Foi assim que eu peguei o copo em cima da mesa e me dirigi até a varanda. Os olhos seguiam qualquer movimento, viam o senhor que vigiava carros logo na esquina, a criança que corria dos pais enquanto atravessava à calçada, viam o semáforo que parecia estar com algum defeito já que se passaram dois minutos desde que eu estava ali (estava com defeito ou o tempo só estava passando para mim?). Os olhos viam um colega distante que sempre se sentava no último banco do ônibus, o bar em frente que tocava um “sucesso” qualquer, o cadeado que a poucos destravara a bicicleta, (fosse o dono ou não) não havia como discernir a pessoa, os olhos não sabiam nada a respeito do grupo de meninos que pareciam se dirigir ao jogo de futebol mais próximo, também não sabia (na verdade sabiam um punhado de ambos) sobre o grupo de jovens para quem eu estava de costas,sorriam,falavam pelos cotovelos e pareciam estar embriagados. Enquanto os olhos viam e os outros sentidos obedeciam a suas determinadas funções eu avistei (de novo) aquela pessoa que estava parada ao meu lado durante todo o tempo em que eu olhava as coisas, foi então que os olhos pararam de ver e começaram a enxergar...