quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Desabafo de uma universitária.

Eu sempre quis ser um monte de coisas. Enfermeira, colunista, assistente voluntária.
Já quis ser psicóloga, historiadora, atriz, fotógrafa e uma porrada de outras coisas
que não dão muito dinheiro (risinhos cínicos). Eu já me matriculei em coisas que eu não sabia nem o nome, já tentei desenho, canto, judô, natação. Comecei teatro, balé, jazz, aula de violão. Também já montei blog para revistas, tentei cartoo, lambada e atletismo. Fiz aula de guitarra, ginástica olímpica e oficinas de criação. Entrei numa academia, no sapateado e no samba que é bom. Hoje, abandonei todas essas atividades. Estou meio velha (convenhamos!), não tenho mais pique para tanta coisa, ando cheia de bloqueios criativos, eu nem sei mais o que é coordenação motora, eu perco a paciência fácil e a faculdade me toma todo o tempo.


Cotidiano

Olheiras. Latido esganiçado. Palmas no portão. Você? De novo!
Banho quente para espantar as energias negativas. Perfume novo.

Tulipas amarelas. Escadas empoeiradas. Caixas de papelão. Sereno.

Respiração ofegante. Escadas. Barulho das chaves. Estralar de dedos.

Sorriso lerdo e pontual. Charme. TV desligada. Comida no forno. Frases curtas.

Olhares. Taça de vinho. Arrepio. Quarto. Beijo com a boca de hortelã.

Todos os dias, quase tudo sempre igual.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Como não terminar com alguém:


Opção número 1:

- Alô.

- Pode falar.

- Acabou. Tô terminando com você.

(Intervalo e silêncio durante quinze segundos, e logo o barulho do telefone sendo colocado no gancho.)




Opção número 2:

Perca de noção do tempo, do espaço. Mãos trêmulas. Falta de ar. Balanço de pernas e estralar de dedos. Coração acelerado e ânsia de vômito. Banheiro. Cadê o banheiro?

Maldito bolo de chocolate com chá!

-Como assim você vai embora? Você não pode ir! Por favor. Não vá embora.

(chorando, me arrastando pelo chão e colocando as mãos na cabeça).

- Estou indo, já arrumei as malas. Veja-as ali, do lado da cama. Não dá mais, eu não agüento mais esse lugar. Esse inferno. Essa confusão. Me deixa seguir a minha vida.

- Eu sabia, foi aquela mulher, não foi? A dos poemas e versos. A que você passava horas no telefone e no escritório, sabe-se lá Deus o que estavam fazendo!

- Tá vendo. Minha Nossa Senhora! Você complica tudo. Não tem nada a ver com a Laura. Tem a ver com você, comigo. Não nascemos para isso. Acabou. Acabou faz um bom tempo e você finge que não vê.

(Pegando uma fita e amarrando o cabelo. Limpando lágrimas com as costas da mão)

- Eu não consigo acreditar nisso. Você quer ir? Então vá ta vendo aquela porta? Saí logo daqui. Não! Desculpa-me. Por favor, não vá embora.

(arrastando ele, puxando-o pela gola da blusa, empurrando malas, trancando portas)

-Eu já fui há muito tempo, você é que não percebeu.

(Ranger da porta se batendo.)


Opção número 3:

- Frango?

- Não! Camarão.

- A gente não combina. [Não temos razão para continuar.]



Opção número 4:

Terminar na manhã seguinte.