sábado, 23 de maio de 2009

I. O amor é demasiadamente meloso


Hoje eu estava “fuçando” na gaveta e encontrei um texto antigo (e meloso!) que escrevi; daqueles que a gente escreve quando está em crise/bêbado/apaixonado platonicamente ou as três coisas juntas.


Fechou a porta assim que entramos. Desamarrou os sapatos e os colocou num canto perto da cama. Ela estava distante de mim e um pouco disso me preocupava. Era domingo, era noite pra ser exato e ela estava estupidamente quieta, acho que mal respirava e se o fazia era bem sorrateira, tinha os olhos fixos em alguma coisa que não estava lá.

Por mais alguns minutos ela permaneceu calada, desabotôo a blusa,prendeu o cabelo num rabo de cavalo e me olhou demoradamente como se estivesse procurando até que encontrou o que queria e liberou suas palavras engasgadas.

-Odeio pensar que está me enganando-disse ela.

-E não estou... -respondi.

-Então faça-me sentir que você não está mentindo. -exclamou ela. –Mostre que não está brincando comigo. Diga que me ama como eu amo você. Diga. Mostre.

Disse e mostrei.



— Eu queria propor-lhe uma troca de idéias...
— Deus me livre!


Mário Quintana

domingo, 17 de maio de 2009

Sorvetes e gafanhotos


Eu adoro sorvetes e odeio gafanhotos

O sorvete tem em si pouco tempo de vida

Escorre pelos dedos e lambuza o rosto da criança (querida).

Tem de todo sabor, menta, morango ou com biscoitos,

e os gafanhotos (pobres coitados!) são verdes e sem gosto.


ps:Minha criatividade está de atestado!

Você sabe o que

...é quando a gente se fere por fora tentando matar o que está dentro?

Minhas fantasias de menino.


A sala é sempre fria, duas poltronas macias e desenhadas, um belo quadro na parede e incenso suave às narinas. Parece um quarto, um consultório terapêutico ou uma sala de visitas de uma funerária qualquer. É lá que eu costumo estar, tomando um chá com os meus piores pesadelos e divagações, é de lá que corro todas as noites, quebro as correntes, cavo um buraco entre as cercas de segurança e aceno para um estranho em busca de ajuda. Ninguém me vê, nem é preciso. Tem dias em que eu consigo escapar, perto do meu último fôlego,quando de súbito o coração dispara,as mãos tremem e os meus olhos são possuídos de vazio existencial. Algumas pessoas dizem que eu sofro de pessimismo crônico, síndrome de Peter pan, carência afetiva (blá,blá,blá...).Ta certo que eu me subestimo e fico dizendo que sou mais forte do que eu quando não sou,quando eu só quero colo (coisas de menino,carências de menino,brincadeiras de menino).É uma espécie de fantasia,daquelas que eu tinha sempre quando ia à terra do nunca,de navegar num navio sem medo de monstros marinhos,de cantar para as paredes:”Paredes,lindas paredes.Eu sou a princesa,a outra impostora quer roubar o meu amor”.É,o correto seria jogar-me na fogueira já que ando mesclando histórias infantis com coisa nenhuma.Por que é que meus 1,67cm de altura não passam a ser 1,70 de uma vez!