sábado, 13 de junho de 2009

Medo de Amar -Adriana Calcanhotto


Você diz que eu te assusto
Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio
Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer...
Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que simplesmente
Sou carente de razão
Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer...
...me amar!

domingo, 7 de junho de 2009

Quando falo comigo, eu preciso ouvir.


É sempre aquela voz que ecoa num fundo precipício. Sempre dizendo coisas que eu não consigo decifrar. Agonia de coisa mal resolvida, de uma folha branca com rabiscos incompletos, das frases soltas e sensatas que eu deveria escutar. É a voz que às vezes eu não consigo suportar, que fere por dentro tentando sair por entre as cordas vocais. É a intensidade em forma de silêncio (mesmo falando sempre e tanto) fazendo-me perder aqui dentro. A queda, o grito e o que está sobre as entrelinhas. É um pouco de caminho sem volta, sem medo de ir e vir no canteiro das reflexões.

Você que tem medo de chuva


O cheiro da chuva. Encontrando-me com a chuva. Beijos na chuva. Banho de chuva. Dormir com chuva. Amores na chuva. Fugir da chuva. Chorar na chuva. Cantar na chuva. Ouvir a chuva. Chácara com chuva. Cabana na chuva. Andar de bicicleta na chuva. A rua e a chuva. O frio que a chuva traz. Sentir a chuva. Viajar na chuva. Pingos de chuva na janela. Pingos de chuva no cabelo dele. E assim é... E assim vai ser a chuva lavando a gente.

Oh chuva!Eu peço que caia devagar.