sábado, 15 de agosto de 2009

Amor Epidérmico

Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca.

A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O.

Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.

Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.

Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão.

A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.

Martha Medeiros

Fazendo cessar os ruídos que ainda estão pela casa.


Eu não posso dizer que não estou com medo,coragem nunca foi uma qualidade minha.Desde a infância eu vivia "tremendo nas bases",eu tinha medo do escuro,medo de insetos voadores,medo de pessoas desconhecidas (e das conhecidas que...ah!deixa),medo de quando o dia ia embora e começava a dar 18 horas da tarde,medo das histórias de assombrações contadas por minha avó naquela chácara,medo de caixinha de música,medo de subir escadas, medo de olhar pra trás quando estava sozinha (e medo de ficar sozinha),medo de telefonemas à cobrar,medo de novas babás,da campanhia tocando,dos amigos imaginários.Enfim... eu era uma criança muito medrosa,dessas que criam um mundo imaginário pra sair daquilo que elas não conseguem enfrentar,com o tempo eu aprendi a conciliar a maioria dos medos,menos um: O medo das pessoas,eu descobri que quanto mais eu confio,mais apanho,mais me torno refém de algo (ou alguém) que eu achava que conhecia.Se olharmos bem o significado da palavra refém veremos que :"é uma Pessoa ou localidade que fica em poder do inimigo como garantia do cumprimento de um tratado." e se tratando do meu caso,fica em poder de um "amigo", uma espécie de amigo oculto... mas a este eu prefiro omitir a minha explicação.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"No final nem todas as lágrimas são ruins.."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Terrivelmente fraca


Não sorria assim,
Nem me olhe de rabo de olho
não me morda,
nem diga as coisas que só você sabe dizer.
Não dê voltas sem fim,
nem beijos que me arrepiem o pescoço,
não chore e nem corra,
Não diga que a gente precisa conversar,
nem mude de cor quando eu for falar.
Não ria no telefone,
nem grile quando eu disser nomes.
Não se incomode com ciúmes,
nem peça para que eu não o sinta.
Não me deixe assim...
Todas as vezes,terrivelmente fraca.


Obs: O fato é quero dizer tudo ao contrário!

Quarta-feira


Todo mundo estudando e eu aqui descobrindo coisas também, mas eu conto aos ticos.
-Você quer casar comigo?

-Deixa eu pensar... quero sim!Eu quero.


-E como a gente faz?


-Eu peço pra sua mãe.


-Não,eu peço pra sua.


-Pode ser,mas...


-O quê?


-Eu não preciso de permissão.

terça-feira, 11 de agosto de 2009


Eu já falei que estou me aposentando?Eu sei,você vai dizer:
-Como você está se aposentando se nunca trabalhou? E logo vai soltar uma gargalhada,me chamar de esquisita
(o que a maioria da população já faz com frenquência e não me incomoda).Daí vou ter que te
provar que estou cansada o bastante pra ficar nessa vidinha,com brigas que não valem a pena,
trabalhos domésticos (ui!) e filmes no fim da noite.Um tanto cansativo,convenhamos.
Convenhamos que uma hora esse tipo de "emprego" já não dá mais,a idade vem chegando e eu quero mesmo é me
sentar no sofá sem muitas ideias (fixas) na cabeça,sem contas que preciso pagar,sem
cobranças que estragam a vida,com bandeides que transformam machucados em coisas divertidas,com uma chícara de chá sempre que não puder solucionar algum problema,ou então bebendo uma dose de coragem que é pra fazer as coisas que eu ainda não consigo,sem disperdiçar minhas lágrimas ,sem discutir por coisas vãs,rodeada de pessoas que me fazem bem e estão tão longe (ou tão perto mas sem contato algum),então eu pretendo viver um amor desses que seja para sempre (enquanto dure,contraditório?Não,não é.),com um Deus do jeito
Dele e eu do meu jeito,talvez.Talvez,se ele não estiver se aposentando também (Ei Deus!Um de cada vez,
acho melhor ficar por aqui porquê eu preciso de você).
É...quando eu me aposentar!