
-Ora Bolas!Quanta fumaça, eu já lhe disse que detesto sair daqui cheirando a cigarro– disse eu. Foi assim que eu peguei o copo em cima da mesa e me dirigi até a varanda. Os olhos seguiam qualquer movimento, viam o senhor que vigiava carros logo na esquina, a criança que corria dos pais enquanto atravessava à calçada, viam o semáforo que parecia estar com algum defeito já que se passaram dois minutos desde que eu estava ali (estava com defeito ou o tempo só estava passando para mim?). Os olhos viam um colega distante que sempre se sentava no último banco do ônibus, o bar em frente que tocava um “sucesso” qualquer, o cadeado que a poucos destravara a bicicleta, (fosse o dono ou não) não havia como discernir a pessoa, os olhos não sabiam nada a respeito do grupo de meninos que pareciam se dirigir ao jogo de futebol mais próximo, também não sabia (na verdade sabiam um punhado de ambos) sobre o grupo de jovens para quem eu estava de costas,sorriam,falavam pelos cotovelos e pareciam estar embriagados. Enquanto os olhos viam e os outros sentidos obedeciam a suas determinadas funções eu avistei (de novo) aquela pessoa que estava parada ao meu lado durante todo o tempo em que eu olhava as coisas, foi então que os olhos pararam de ver e começaram a enxergar...
Eu sorri, ela sorriu e a chuva começou a cair.
2 comentários:
Essa coisa de parar de ver e começar a enxergar é uma passagem no mínimo interessante... no mínimo =]
que texto lindo,texto doce sabe...
é impressionante como a chuva cai sempre na hora exata,quando não mais os olhos enxergam,mas sim os sentimentos...e como já diz caetano: 'Acho que a chuva ajuda a gente a se vê.'
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