quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Aos poucos vou envelhecendo, a raiz do meu cabelo já começa a demonstrar uns poucos fios brancos. As olheiras mostram noites mal dormidas e cansaço. As cicatrizes, os furos, os velhos medos. A falta de nexo, a dificuldade de raciocínio, a fraqueza e franqueza, os beijos repetidos, as palavras copiadas e o caráter já formado.

Eu estou envelhecendo, por dentro. Pessoas já não fazem meu estilo, não tenho paciência para discussões vãs, não me interessa a situação política do meu país, não me atenho mais às coisas banais, não desperdiço meu sangue ou meu tempo, não dou à mínima, não me alimento direito, não perco tempo no telefone, não leio revistinhas adolescentes, nem me preocupo com antigos amores, não me surpreendo com atitudes, nem ouço o coaxar dos sapos.

Eu envelheci rápido demais em três meses. Andei por outros caminhos. Conheci outras pessoas. Poupei-me de velhos hábitos. Reli livros antigos. Experimentei outros sabores.

Presenciei novas histórias. Enxerguei com outros olhos.

Fui envelhecendo aqui dentro, sendo a melhor pessoa para mim (mesma), por isso eu não peço que entendam, não peço que perdoem minha ausência, minhas palavras afiadas, ou descrença em algumas pessoas... Eu apenas não perco mais tempo com tantas preocupações.