sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Nostalgia.


Fim de tarde nublada.Sentada numa praia ao lado de uma auto-estrada,eu confesso.Estava perdida nas páginas de um livro cheio de morte.
O céu estava roxo e não se ouvia a melodia dos pássaros alegres,era o que se esperava de uma frívola tarde em que me imaginava no meu leito de morte, orando a Deus e aos anjos,a qualquer um,que me levasse a um lugar que recordo.
Um lugar que não reconheço mais,cuja memória já está vaga e menos precisa do que era antigamente,mas que como essência das poucas coisas que me fizeram bem posso imaginá-las sem escrúpulos,apenas saudade.Permito-me lembrar da chuva que molhava profundamente todas as crianças e velhos que procuravam abrigo debaixo das árvores,do tapete de flores que se formava no chão assim que a tempestade fosse embora e do canto das cigarras que anunciava sua nova chegada.Recordar as coisas que sentia enquanto menina,que podia sentir,dos poucos abraços apertados e do cheiro de bolo de vó que infestava a cozinha após um longo dia.Recordar isso me faz bem,viver a simplicidade das coisas me traz uma felicidade que a algum tempo já não tenho, e talvez por isso esteja perdida ao ler o livro. Indagando-me sobre o fato de que a vida incerta ainda tem muita coisa a me apresentar e que talvez eu seja um conjunto de situações,lembranças e erros mas que acima de tudo sou apenas eu.
Pensando assim,sobre o meu leito de morte,quando irei me deparar com todas as memórias boas e torpes,segui a diante com o livro...
Até que o dia se acabasse e eu sentisse o pesar da vida,
por todas as coisas que fiz,por todas as coisas que amei,
e tudo o que eu tratei injustamente.
Em sonhos,esperando o meu momento de acordar.



Nenhum comentário: