sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tem cowboy, boiadeiro e mulher pra todo lado


A cadeira estava vaga. Era um espaço não preenchido, desde que o pai se fora. Seu pai era uma figura honesta, cabelos grisalhos e fios clandestinos no pescoço acompanhavam a fisionomia carrancuda. Ele não estava morto, desaparecera assim, há seis meses, quando na cidade ocorreu uma festa de peão. Adorava o gado, o cheiro de esterco e a voz de narrador de rodeio. Cantarolava sertanejo caipira e música de raiz durante a maior parte do dia. Mascava capim com o canto da boca, tinha a barra da calça rasgada e usava um cinto de fivela antiquado que fora herdado do avô. Ninguém imaginava que um dia ele arrumaria suas trouxas e escaparia com um peão.

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