quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quem se importa?


Você não vê mas eles existem. Todo dia como é de se esperar, no fim da tarde quando os trabalhadores voltam para casa. Lá estão eles. Sentados. Cinco ao todo, como um grupo (mas nada de o “grupo dos cinco” como no Modernismo), nesse não há nada de espetacular. Uma criança corre no fundo do ônibus a mãe logo lhe tasca um beliscão e pede pra ficar longe deles. Disfarça, se afasta dos “perigosos” e é como se fossem invisíveis. Outra hora um senhor, tropeça no pé do mais novo (sujo, trajando uma blusa rasgada e com o cabelo esvoaçado), parece não vê-lo, cospe e solta um palavrão e assim desce do transporte como se nada tivesse acontecido. É fim de tarde e faz frio, eles se juntam para se aquecer, enquanto o ônibus se movimenta bruscamente, há competição de quem fica mais tempo sem comer, sem voltar pra casa. Então eles cantam como o velho ditado brasileiro “Quem canta seus males espanta”. Cantam alto, mas ninguém ouve (ou não quer ),não precisa não é verdade!Você tem tudo que precisa, as crianças estão em casa neste momento e talvez já tenham jantado, logo depois de um banho quentinho. Não é da sua conta. Então você se vira e ignora a situação, a menina (aquela do meio com as mãos machucadas) olha pra você como quem pede socorro daí você se esquiva, finge que nada disso existe, volta pro seu mundo cheio de borboletas, nuvens e pratos de galinhada no almoço. Esquece-se de que é como eles...Invisível na sua própria vida.

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