segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

El libro de la locura


- Ana Rita você sabe guardar um segredo? (Foi o que eu disse a ela logo que nos sentamos na varanda pra tomar sorvete de chocolate.)

-Sim, eu sei. - Disse Ana assim que terminei a pergunta.

-Eu estou encrencada.

-O que você fez dessa vez?– Ela retrucou com cara de “vindo de você eu espero qualquer coisa”.

-Uma coisa grave. Quando mamãe souber vai acabar comigo e ai já viu, nada de mesadas e uns dois meses sem internet. Claro!Se isso acontecer ainda poderei terminar os estudos com as duas mãos funcionando e etc.(respondi entre risos).

-Você já está me preocupando. Pra dizer que está lascada assim você só pode ter assaltado um banco, ou estar grávida ou outra coisa mais foda ainda. Conte-me logo!Sem rodeios.

-Eu vendi o carro. – foi o que eu disse

-Como assim vendeu o carro?Pra quem?Pra quê. – disse Ana desesperada

-Eu precisava comprar o livro!Ninguém entende. Passei a vida toda procurando ele. –disse em meio às lágrimas.

-Você trocou um carro por um livro?Mentira!Eu não consigo acreditar. Que livro é esse?

-O livro dos segredos.

-(Risos) Pra que serve um livro desses?Você está ficando louca.

Pausa.

Não faço idéia do tempo que se passou. Abaixo a cabeça e sim estou intacta, parada e dopada.

Alguém está segurando a minha mão e dizendo: - Você está bem. Foi apenas um acidente. Você saiu ilesa.

-Ilesa?Como assim ilesa?

-Ah minha filha!Você saiu por ai atrás de um livro “secreto”, disse que voltaria pra casa apenas com ele.Daí você pegou aquela velha lambreta do seu pai,colocou a Ana na “garupa” e foi.

A polícia disse que você tava correndo muito e bateu no poste da avenida. Vim correndo pra cá assim que me deram a notícia.

Pausa.

Caí na real, eu tinha enlouquecido. Primeiro tomava sorvete com a cadela adotada pela minha irmã, depois conversara com ela, contara-lhe segredos, vendia o carro pra comprar o livro e no fim sai pelo mundo a fora com a lambreta e a cadela. Ah!

Para completar a loucura me restava fumar um maço de charutos cubanos que o médico usara como enfeite sobre a mesa.

Nenhum comentário: